TEMPO DE REFLEXÃO

Acaba um ano mais da minha vida, com vitórias, derrotas, fracassos, alegrias e tristezas. Não foram equilibradas: houve mais tristezas do que alegrias, mais fracassos do que vitórias, mas fica o sentido de ter feito o melhor possível, e o mais bem intencionado.
Fica a lembrança daqueles/daquelas que me ajudaram a percorrer este ano com coragem e vontade de viver. Fica a sensação de que poderia ter feito mais e melhor, a tristeza de ver partir amigas de muitos anos, a alegria de ver nascer novas vidas não só na família mas entre as amigas.
Em tempo de balanço, vejo as minhas netas a crescer e a desenvolver-se, e a tornarem-se mais autónomas. E desejo que as filhas, os filhos, as noras, os genros, as netas, os netos e a bisneta sejam felizes.
E desejo a todos os que por aqui passam um bom Ano Novo!

FELIZ NATAL E BOM ANO NOVO

Desejo a quem passa por aqui um Santo Natal e Ano Novo o melhor possível, já que se avizinham tempos difíceis.

O TEMPO CONTINUA A FALTAR...

Apesar de ter acabado a fisioterapia e as massagens, continuo sem ter tempo para vir aqui conversar.
Estou quase a entrar de férias na Academia dos Sábios. Este ano, estou a gostar imenso das aulas de Desenvolvimento do Auto-Conhecimento, e as de Psicologia II são interessantes. Nesta universidade da 3ª idade, seguimos os períodos das escolas normais, e, por isso, vamos ter férias de Natal.
Também acabei as almofadas para a minha sala, as mantas para bebés e um pano de tabuleiro para oferecer no Natal. Este ano, as prendas são poucas e, na sua maioria, feitas por mim. A troika assim o exige...
Deixo aqui as fotos de alguns do meus trabalhos.






Espero que gostem!

MAÇÃS BRAVO D'ESMOLFE

Quando eu era pequena não gostava de maçãs. Não sei a razão, mas torcia sempre o nariz quando a minha Mãe me obrigava a comer alguma. E assim fui crescendo até aos dezoito anos. Estava a estudar em Lisboa, em casa da tia I. e passava as férias grandes em casa dos meus avós paternos, em Viseu. E continuava a não gostar de maçãs.
Um dia, a tia I. foi buscar-nos a Viseu (a mim e ao meu irmão mais novo), e comprou maçãs Bravo d'Esmolfe. No combóio, o perfume das maçãs espalhou-se no compartimento. Ao chegarmos a casa, ajudei a arrumar as maçãs e a cozinha ficou inundada com aquele aroma. No dia seguinte, não resisti e decidi provar uma maçã. Era relativamente pequena, de cor esbranquiçada, com um leve tom avermelhado. Dei uma dentada, e fiquei rendida à polpa macia, doce, agradável.
Nunca mais deixei de comer maçãs, primeiro só as de Esmolfe, depois as outras variedades, em que prefiro as Royal Gala.
Estava hoje a comer a minha maçã Bravo d'Esmolfe, quando me veio uma saudade enorme daqueles tempos em Viseu, em que vestia umas calças "à pirata" para andar à vontade na quinta e a minha Avó não me deixava sequer chegar ao portão, porque estava de calças...
Também me lembrei do espanto da minha Mãe, quando veio de licença graciosa com o meu Pai, ao ver-me comer maçãs com tanto entusiasmo.
O que faz um aroma!

Tenho andado demasiado ocupada...

Desde 15 de Setembro que tenho estado muito ocupada. Para além de ajudar a neta mais velha nos estudos (está no nono ano e tem exames), continuo com a hidroginástica. Como passei o verão cheia de dores nas costas, fui consultar o meu ortopedista, que me mandou fazer fisioterapia. E comecei as sessões de ginástica postural, calor húmido, placas eléctricas, massagem nas costas e ultra-sons no joelho esquerdo. As sessões de ginástica foram correndo bem até dia 4. Ao alongar a perna direita (o terapeuta prende a perna esquerda e levanta a direita para alongar o glúteo, e vice-versa), as minhas costelas deram um estalo. Parou logo o exercício, mas a dor passou. Fui fazer o calor, onde fico deitada de barriga para baixo e me colocam placas quentes nas costas todas, e senti-me muito mal, pois não aguentava a posição. A massagem foi feita sentada num banco. Mas, quando me fui embora, nada me doía. No feriado estive com dores intermitentes e não saí de casa. Mudei de nutricionista, e desta vez estou contente com a alimentação. O caso é que já perdi mais de um kilo numa semana, e posso comer quase tudo. Também faço massagens nesta nutricionista, e, na quinta-feira, na massagem, a massagista não me podia tocar nas costelas do lado direito. Ontem não fiz a ginástica, só tratei das costas. Não me parece que tenha partido mais uma costela (já parti quatro...) mas, sim, que tenha dado um jeito qualquer, ou que seja dor muscular. Mas não era das costelas que queria falar!
Tenho as manhãs e as tardes cheias, para além de ter acabado de bordar a terceira almofada para a minha sala. Depois de prontas, mostro as fotos.
E continuo a fazer a catalogação dos livros. As bases de dados estão feitas, mas os lugares mudaram com a remodelação da casa e é preciso alterar os dados. O Zé e eu tínhamos cerca de seis mil livros. Os meus livros de ensino seguiram para Angola, para serem dados a quem precisa. Mesmo assim, como sou uma leitora inveterada, continuo a comprar livros...
E no dia 17 começa a universidade da terceira idade, e estou matriculada em Psicologia II. Fiz a Psicologia I no ano passado.
Aqui têm o motivo do meu silêncio. Prometo que vou ser mais assídua!

A MINHA AMIGA CATARINA

Fui confrontada, esta tarde, com a notícia da morte da minha amiga Catarina. Tinha 88 anos, feitos em Agosto. Era a madrinha da minha S., mas era sobretudo como que uma mãe para mim. Quando eu era uma professora solitária e vivia num hotel, foi buscar-me, muitas vezes, para sua casa, para não me sentir tão só. Quando fiquei noiva do Zé, vibrou como se fosse sua filha. Dez dias antes do casamento, disse-me que saísse do hotel e fosse morar em casa dela durante aqueles dias. Como morava mesmo ao lado dos meus padrinhos de casamento, foi fácil sair de casa deles, como estava já combinado. Eu costumava dizer que a minha madrinha era a "mãe-segunda" e a Catarina a "mãe-terceira". Quando a S. nasceu, ficou logo assente que a Catarina seria a madrinha.
A Catarina era uma pessoa simples, muito prática e, sobretudo, muito minha amiga. Quando fugimos de Angola, fiquei sem saber dela durante muito tempo, mas, um dia, não sei como, descobri que estava a viver em Lisboa e fui procurá-la. Juntávamo-nos (todos os amigos) uma vez por ano, num almoço, que deixou de se realizar por mortes, doenças e impossibilidades. Já somos muito poucos, só nos comunicamos por telefone. Hoje, quando a filha me deu a notícia e me pediu que avisasse os amigos, descobri que apenas fiz três telefonemas...
Partiu a Catarina, deixou de sofrer, e foi juntar-se ao marido e a todos os que partiram antes dela. Mas, a mim, deixou uma saudade enorme. Descansa em paz, Catarina!

NO WOMAN, NO CRY

Setembro de 2008. Londres, Camden. Junto às comportas, um "rasta" acompanha-se à viola e canta a música de Bob Marley. Tem uma voz vibrante e bonita. Não está a pedir, apenas a cantar. E umas poucas pessoas param para o ouvir. A viola é velha, está segura com fita gomada, mas ninguém olha para isso. Ele canta porque lhe dá prazer. Também paro, com a minha amiga S. E ele vê-me. Convida a "little lady with the yellow coat" para cantar com ele. É claro que não sei a letra, apenas "no woman, no cry", mas junto-me a ele. E, no fim, sempre abraçado a mim, pede à S. que nos tire uma fotografia, e dá-me um beijo na testa. Sinto-me feliz. É a primeira vez que sorrio abertamente, depois da morte do Zé, em Março. Não sei o nome, mas muitas vezes me lembro dele e rezo por ele, para que continue a enlevar os seus ouvintes com o dom de uma voz fantástica, mesmo em dias de chuva miudinha.

VIAGEM A MYANMAR 16

15 de Novembro – Foi uma viagem sem história, quase sempre a dormir, e chegámos a Paris às 6 e 45 (hora local). E aqui aconteceu o impensável: ao abrir um saquinho, que estava na mochila, para me arranjar, encontrei a tesoura de unhas, que tanto tinha irritado o funcionário birmanês! Ele tinha razão, mas eu estava convencida de que colocara a tesoura na mala de porão, até porque sabia que não era permitido transportá-la comigo. O mais engraçado é que a tesoura viajou para Lisboa no mesmo local e, ao passar na sala de embarque, ninguém me disse nada da tesoura, antes embirraram com o tubo de creme corporal, que transportava na mesma mochila... e que deixei lá ficar.

E chegou o momento de fazer o balanço desta aventura.

Foi uma viagem muito interessante do ponto de vista cultural, enriquecedora pelas relações de amizade, que saíram reforçadas com os amigos portugueses, e que se estabeleceram com os companheiro/as de viagem franceses e belgas.

Não nego que, no fim, já estava farta de ver Budas, mas, mesmo assim, foi gratificante observar os costumes religiosos de um povo amigável, simpático, e sempre sorridente. Tratou-se de uma experiência única e muito proveitosa.

VIAGEM A MYANMAR 15

14 de NovembroDepois do pequeno almoço, a F e eu fomos a uma rua cheia de comércio para comprar uma mochila, pois a minha mala de mão se tinha estragado. Encontrei uma bastante jeitosa e voltámos ao hotel para arrumar as coisas.

O almoço foi servido num restaurante à beira-rio, e ainda demos uma volta pelos pontos mais importantes da cidade antes de sermos conduzidos ao aeroporto.

Aqui aconteceu uma cena caricata: depois de colocar a mochila e a carteira no tapete rolante, chamaram-me para abrir a mochila pois transportava uma tesoura, o que não é permitido. Disse ao funcionário que não, que a tesoura estava na mala de porão, mas o homem não desistia. Que sim, que tinha uma tesoura, e outro colega mostrou-me uma tesoura, daquelas que se dobram todas, não fosse o caso de eu não perceber o que era uma tesoura... O homem estava possesso e metia as mãos pela mochila, à procura do objecto. Acabou por me mandar embora, com a frustração estampada no rosto.

Saímos às 19.40 e chegámos a Bangkok às 21.35. Andámos pelo aeroporto, que é lindo, cheio de orquídeas por todos os lados. A partida para Paris foi às 00. 05 (hora local).

(Continua)

VIAGEM A MYANMAR 14

13 de Novembro – A partida estava marcada para as 6.30 e, por isso, o acordar foi às cinco. Seguimos nas pirogas até ao cais, e dali de autocarro até ao aeroporto de Heho, para apanharmos o avião para Yangon. O aeroporto de Heho fez-me lembrar os aeroportos das pequenas cidades de Angola.



A viagem fez-se sem incidentes até Yangon.



Seguimos de autocarro para ver mais uma atracção: elefantes albinos O elefante do meio tem cor normal e só ali está para se perceber a diferença. Os animais estão presos por uma corrente a um poste e, quando toca a música, fazem movimentos que sugerem uma dança lenta.

O almoço foi servido no restaurante Green Elephant. O calor fazia derreter o gelo, não obstante as ventoínhas espalhadas pela sala.


Estava-se melhor no jardim.



Levaram-nos a uma ourivesaria para vermos (e comprarmos...) as pedras preciosas, sobretudo os rubis. Como é óbvio, não há fotografias...

Em seguida, a Chaw Chaw levou-nos ao bairro chinês, para andarmos um pouco a pé. Lojas, muitas lojas, a expôr nos passeios, sobretudo comida.




Esta iguaria é... não adivinham? - baratas fritas!

Deixámos as malas no Asia Plaza Hotel e fomos visitar o Sule Paya, um pagode dourado com mais de 2000 anos, rodeado de edifícios governamentais e lojas. O nome da stupa central, Kyaik Athok, significa “a stupa onde a relíquia do cabelo sagrado está guardada”. Foi tão reconstruído e reparado durante os séculos, que ninguém sabe ao certo quando é que o pagode foi construído.

O Botataung Paya, pagode que visitámos depois, foi assim chamado em homenagem aos mil chefes militares que escoltaram relíquias do Buda da Índia até Myanmar, há mais de dois mil anos. Bo significa chefe (em sentido militar) e tataung significa mil. Diz-se que este pagode albergou os oito fios de cabelo do Buda, antes de serem distribuídos por outros. O pagode foi destruído por uma bomba aliada, em Novembro de 1943. Foi reconstruído num estilo muito semelhante ao anterior mas com uma diferença: ao contrário dos outros zedis, que são sólidos, o Botataung é oco e pode-se andar lá dentro. A reconstrução também revelou um pequeno cilindro de ouro, que continha duas relíquias dorporais e um fio de cabelo, alegadamente do Buda. No lado ocidental da stupa está uma sala com uma grande imagem dourada do Buda, feita durante o reinado de Mindon Min. Na altura da anexação britãnica, foi conservada no palácio de vidro do rei Thibaw, mas depois de este ter sido exilado na Índia, os britânicos mandaram a imagem para Londres. Em 1951 foi devolvida a Myanmar e colocada neste pagode. No terreno existe ainda um pavilhão nat com as imagens de Thurathadi (divindade indiana, deusa do conhecimento e da música), Thagyamin (indra, rei dos nats) e o nat de Myanmar, Bbogyi. Também existe um lago com centenas de tartarugas.











Junto ao pagode existe um cais, para onde nos dirigimos a fim de admirar o pôr-do-sol.








O jantar foi servido no Royal Thazin, ao ar livre, para comemorar os anos da Claudine, mas havia muita humidade e muitos mosquitos.
No regresso, passámos pela casa da Aung Sun e vimos os manifestantes a cumprimentá-la pela sua libertação.


(continua)




VIAGEM A MYANMAR 13

12 de Novembro – Após o pequeno almoço, e antes de chegarem as pirogas, tivemos ocasião de explorar o hotel e de nos extasiarmos com as flores de lotus à volta.








Partimos nas pirogas, por entre aldeias, perseguidos por barcos com mulheres e crianças a tentar vender os seus produtos, geralmente jóias e outros artefactos




E chegámos à oficina das mulheres-girafa. A tribo Paduang tornou as suas mulheres vítimas da própria tradição: o antigo costume de enfeitar as jovens com anéis de bronze em volta do pescoço transformou-as em atracção turística. Originalmente, as mulheres eram assim arranjadas para as tornar menos atraentes para as tribos vizinhas, que assaltavam a tribo. A aplicação dos anéis causa a deformação da clavícula e das costelas superiores, afastando os ombros da cabeça. Muitas mulheres chegam a um estado em que ficam incapazes de sustentar o peso da cabeça sem o suporte dos anéis. As raparigas começam a pôr os anéis dos quinze aos 25 anos, mas, actualmente, muitas não o querem fazer, e acho muito bem. Dedicam-se à tecelagem manual, e têm artigos muito bonitos.





Seguimos depois para o mercado. Como podem ver, há sempre um grande engarrafamento de pirogas e barcos, e nem percebi como não acontecem  desastres...


Levaram-nos, em seguida, a uma oficina, onde se extraem fios dos caules de lótus, um trabalho monótono e aborrecido e, por isso, os artigos confeccionados são muito caros.

Foto F.B.
                                                                       Foto F.B.

O almoço foi servido num restaurante no meio do lago, com vários pavilhões unidos por pontes, e um deslumbramento de flores.






O passeio continuou até uma fábrica de cigarros e charutos, onde aproveitam os caules dos lótus e usam outras especiarias.



Por um canal bastante largo, chegámos ao pagode Phaung Daw Oo, o santuário religioso no sul do estado Shan. Dentro há quatro imagens do Buda muito antigas, que, devido às folhas de ouro aplicadas ao longo dos anos, se tornaram em bolas de ouro.







Ao sair da piroga, caí e magoei-me e, por isso, não entrei  no mosteiro de Nga Hpe Kyaung, famoso pelos gatos saltadores, treinados para saltarem por arcos. Segundo me disseram, não tinha grande interesse, e uma companheira de viagem saíu de lá indignada com o tratamento dado aos animais.
Voltámos para o hotel, com as cores magníficas do crepúsculo.






Alguns dos nossos companheiros vestiram-se a rigor para o jantar que, afinal, não foi acompanhado por danças Shan, como constava do programa.


(Continua)






VIAGEM A MYANMAR 12

11 de Novembro – A alvorada foi às 5 e 45 para sairmos às 7 e visitarmos o mercado.












Para nosso espanto, não havia uma única mosca neste mercado!

Seguimos com uma guia Pa O em direcção a Kakku. Vestida a rigor,  esclareceu-nos sobre a cultura Pa O.


A estrada não era grande coisa e chegámos a uma ponte por onde não se podia passar devido ao estado em que se encontrava.


Fizemos, então, um desvio pelo meio de aldeias pitorescas e chegámos a Kakku, uma das vistas mais notáveis do estado Shan. Há 2478 stupas. De acordo com a lenda, o jardim de stupas foi fundado por missionários budistas, do imperador indiano Ashoka, no século III antes de Cristo. As stupas foram construídas numa grande variedade de estilos, marcando os estilos arquitectónicos  prevalecentes da altura. Algumas são simples, sem adornos, enquanto outras estão cobertas de divindades e animais míticos. Entre as stupas há um certo número de pequenas stupas quadradas, ao estilo “monástico” que são únicas nesta região.








O almoço foi servido no único restaurante do lugar, mas antes comemos abacates ao natural, muito doces e apetitosos.

Voltámos a Taunggyi, para deixarmos a guia e seguirmos para o mosteiro de Shew Yan Pyay, todo em madeira e muito fresco por dentro.







Finalmente, chegámos ao lago Inlé, umas das principais atracções turísticas de Myanmar. A toda a volta do lago há aldeias palafitas e jardins flutuantes, e o principal meio de transporte são os barcos – pirogas a motor para os turistas ou os esquifes rasos, impelidos por um remo de madeira.






Fomos instalados nas pirogas, (4 pessoas em cada uma) e fizemos a viagem, apreciando as aldeias, vendo os pescadores, e observando um céu fantástico, até ao hotel, também em palafitas














O Hotel


(Continua. Está quase a acabar...)

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