O MEU CASAMENTO COM O ZÉ

Foi em 1968, em Março. Tempo de muito calor. Como o Zé morava em Benguela e eu no Lobito (30 kms de distância), decidimos casar na Catumbela, a 8 kms do Lobito. Por isso fui viver dez dias em casa de uns amigos, a fim de justificar o local. Nessa altura não se podia decidir por qualquer lugar que não fosse a freguesia da morada. Transposta esta dificuldade, pensámos no padre e acabámos por escolher, não o da Catumbela, muito nosso amigo, mas o dirigente da Casa do Gaiato (querido Padre Manuel António!), para não ferir a susceptibilidade dos padres de Benguela, grandes amigos do Zé.
O casamento foi como todos os outros, com a noiva a chegar atrasada. A diferença foi que o Padre Mateus (o Padre "Pipas", como  lhe chamavam por ser todo redondo e coradinho) tocou o orgão como só ele sabia.
Ninguém mais ouviu, mas o meu Pai, quando se chegou ao carro para me levar ao altar, só me fez uma pergunta: "Não estás arrependida?".Respondi "não", e o Pai disse:"Então, vamos!"
(Aqui tenho de dar uma explicação. O Zé era viúvo e tinha cinco filhos. O meu Pai gostava dele, mas tinha receio de que os meus futuros enteados não gostassem de mim. Daí a pergunta. Posto isto, vamos ao resto).
O copo de água foi no Tamariz, no Lobito, e tudo corrreu bem. Depois dirigimo-nos ao hotel onde estavam os meus Pais e irmãos, para trocarmos de roupa. E partimos, com grande ruído de latas que os meus colegas do liceu tinham atado na parte traseira do carro, enquanto estávamos nos quartos! Só na bomba de gasolina da Caponte é que o Zé concordou parar para tirar as latas, depois de termos atravessado toda a cidade!
O nosso itinerário era o seguinte: Lobito, Novo Redondo, Gabela, Cela, Nova Lisboa e Sá da Bandeira, e depois voltar a Nova Lisboa, para participarmos de uma reunião de professores de toda a província e que devia durar uma semana.
A viagem decorreu bem por Novo Redondo e Gabela, onde jantámos. O pior foi quando chegámos à Cela, onde tínhamos marcado o hotel, para passar a noite, com bastante antecedência. Como era domingo, o hotel estava cheio e não tínhamos quarto. Corremos os hotéis e pensões da Cela, que não eram assim tantos. Estava tudo cheio. Só havia um quarto na Pensão do Passarinho, geralmente utilizada por camionistas. (continua...)

6 comentários:

Maria João Pecegueiro 5 de outubro de 2010 às 00:37  

Olá!
Gosto sempre de vir aqui! Agora estou curiosa por saber o que aconteceu a seguir :)
Um beijinho grande!

Maria João Pecegueiro 5 de outubro de 2010 às 00:37  
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Bacouca 5 de outubro de 2010 às 16:19  

Dreamer,
Também eu! Mas desde já admiro o seu amor pelo seu marido: já com 5 enteados não é nada fácil...
Um beijo

Luísa A. 5 de outubro de 2010 às 23:21  

Querida Dreamer, estou a adorar a história do seu casamento e, tal como a João, ansiosa por saber como se resolveu o drama de Cela. O detalhe da Pensão do Passarinho e da sua frequência cria bastante «suspense» na aventura. :-)))

Lina Arroja (GJ) 6 de outubro de 2010 às 19:31  

Dreamer, tenho andado entre aviões e por isso não tenho reservado o mesmo tempo para os amigos de blogue. Estou a gostar muito da narrativa, aguardo a continuação da mesma com todo o detalhe possivel...;D

Mike 28 de novembro de 2010 às 13:02  

Lobito... hum... bela cidade, essa onde vivia... ;-)
(A acompanhar, com curiosidade, esta história deliciosa do seu casamento com o Zé)
(Este seu comentador também tem Zé como nome) :-D

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