A MINHA AMIGA CATARINA

Fui confrontada, esta tarde, com a notícia da morte da minha amiga Catarina. Tinha 88 anos, feitos em Agosto. Era a madrinha da minha S., mas era sobretudo como que uma mãe para mim. Quando eu era uma professora solitária e vivia num hotel, foi buscar-me, muitas vezes, para sua casa, para não me sentir tão só. Quando fiquei noiva do Zé, vibrou como se fosse sua filha. Dez dias antes do casamento, disse-me que saísse do hotel e fosse morar em casa dela durante aqueles dias. Como morava mesmo ao lado dos meus padrinhos de casamento, foi fácil sair de casa deles, como estava já combinado. Eu costumava dizer que a minha madrinha era a "mãe-segunda" e a Catarina a "mãe-terceira". Quando a S. nasceu, ficou logo assente que a Catarina seria a madrinha.
A Catarina era uma pessoa simples, muito prática e, sobretudo, muito minha amiga. Quando fugimos de Angola, fiquei sem saber dela durante muito tempo, mas, um dia, não sei como, descobri que estava a viver em Lisboa e fui procurá-la. Juntávamo-nos (todos os amigos) uma vez por ano, num almoço, que deixou de se realizar por mortes, doenças e impossibilidades. Já somos muito poucos, só nos comunicamos por telefone. Hoje, quando a filha me deu a notícia e me pediu que avisasse os amigos, descobri que apenas fiz três telefonemas...
Partiu a Catarina, deixou de sofrer, e foi juntar-se ao marido e a todos os que partiram antes dela. Mas, a mim, deixou uma saudade enorme. Descansa em paz, Catarina!

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