VIAGEM A MYANMAR 16

15 de Novembro – Foi uma viagem sem história, quase sempre a dormir, e chegámos a Paris às 6 e 45 (hora local). E aqui aconteceu o impensável: ao abrir um saquinho, que estava na mochila, para me arranjar, encontrei a tesoura de unhas, que tanto tinha irritado o funcionário birmanês! Ele tinha razão, mas eu estava convencida de que colocara a tesoura na mala de porão, até porque sabia que não era permitido transportá-la comigo. O mais engraçado é que a tesoura viajou para Lisboa no mesmo local e, ao passar na sala de embarque, ninguém me disse nada da tesoura, antes embirraram com o tubo de creme corporal, que transportava na mesma mochila... e que deixei lá ficar.

E chegou o momento de fazer o balanço desta aventura.

Foi uma viagem muito interessante do ponto de vista cultural, enriquecedora pelas relações de amizade, que saíram reforçadas com os amigos portugueses, e que se estabeleceram com os companheiro/as de viagem franceses e belgas.

Não nego que, no fim, já estava farta de ver Budas, mas, mesmo assim, foi gratificante observar os costumes religiosos de um povo amigável, simpático, e sempre sorridente. Tratou-se de uma experiência única e muito proveitosa.

VIAGEM A MYANMAR 15

14 de NovembroDepois do pequeno almoço, a F e eu fomos a uma rua cheia de comércio para comprar uma mochila, pois a minha mala de mão se tinha estragado. Encontrei uma bastante jeitosa e voltámos ao hotel para arrumar as coisas.

O almoço foi servido num restaurante à beira-rio, e ainda demos uma volta pelos pontos mais importantes da cidade antes de sermos conduzidos ao aeroporto.

Aqui aconteceu uma cena caricata: depois de colocar a mochila e a carteira no tapete rolante, chamaram-me para abrir a mochila pois transportava uma tesoura, o que não é permitido. Disse ao funcionário que não, que a tesoura estava na mala de porão, mas o homem não desistia. Que sim, que tinha uma tesoura, e outro colega mostrou-me uma tesoura, daquelas que se dobram todas, não fosse o caso de eu não perceber o que era uma tesoura... O homem estava possesso e metia as mãos pela mochila, à procura do objecto. Acabou por me mandar embora, com a frustração estampada no rosto.

Saímos às 19.40 e chegámos a Bangkok às 21.35. Andámos pelo aeroporto, que é lindo, cheio de orquídeas por todos os lados. A partida para Paris foi às 00. 05 (hora local).

(Continua)

VIAGEM A MYANMAR 14

13 de Novembro – A partida estava marcada para as 6.30 e, por isso, o acordar foi às cinco. Seguimos nas pirogas até ao cais, e dali de autocarro até ao aeroporto de Heho, para apanharmos o avião para Yangon. O aeroporto de Heho fez-me lembrar os aeroportos das pequenas cidades de Angola.



A viagem fez-se sem incidentes até Yangon.



Seguimos de autocarro para ver mais uma atracção: elefantes albinos O elefante do meio tem cor normal e só ali está para se perceber a diferença. Os animais estão presos por uma corrente a um poste e, quando toca a música, fazem movimentos que sugerem uma dança lenta.

O almoço foi servido no restaurante Green Elephant. O calor fazia derreter o gelo, não obstante as ventoínhas espalhadas pela sala.


Estava-se melhor no jardim.



Levaram-nos a uma ourivesaria para vermos (e comprarmos...) as pedras preciosas, sobretudo os rubis. Como é óbvio, não há fotografias...

Em seguida, a Chaw Chaw levou-nos ao bairro chinês, para andarmos um pouco a pé. Lojas, muitas lojas, a expôr nos passeios, sobretudo comida.




Esta iguaria é... não adivinham? - baratas fritas!

Deixámos as malas no Asia Plaza Hotel e fomos visitar o Sule Paya, um pagode dourado com mais de 2000 anos, rodeado de edifícios governamentais e lojas. O nome da stupa central, Kyaik Athok, significa “a stupa onde a relíquia do cabelo sagrado está guardada”. Foi tão reconstruído e reparado durante os séculos, que ninguém sabe ao certo quando é que o pagode foi construído.

O Botataung Paya, pagode que visitámos depois, foi assim chamado em homenagem aos mil chefes militares que escoltaram relíquias do Buda da Índia até Myanmar, há mais de dois mil anos. Bo significa chefe (em sentido militar) e tataung significa mil. Diz-se que este pagode albergou os oito fios de cabelo do Buda, antes de serem distribuídos por outros. O pagode foi destruído por uma bomba aliada, em Novembro de 1943. Foi reconstruído num estilo muito semelhante ao anterior mas com uma diferença: ao contrário dos outros zedis, que são sólidos, o Botataung é oco e pode-se andar lá dentro. A reconstrução também revelou um pequeno cilindro de ouro, que continha duas relíquias dorporais e um fio de cabelo, alegadamente do Buda. No lado ocidental da stupa está uma sala com uma grande imagem dourada do Buda, feita durante o reinado de Mindon Min. Na altura da anexação britãnica, foi conservada no palácio de vidro do rei Thibaw, mas depois de este ter sido exilado na Índia, os britânicos mandaram a imagem para Londres. Em 1951 foi devolvida a Myanmar e colocada neste pagode. No terreno existe ainda um pavilhão nat com as imagens de Thurathadi (divindade indiana, deusa do conhecimento e da música), Thagyamin (indra, rei dos nats) e o nat de Myanmar, Bbogyi. Também existe um lago com centenas de tartarugas.











Junto ao pagode existe um cais, para onde nos dirigimos a fim de admirar o pôr-do-sol.








O jantar foi servido no Royal Thazin, ao ar livre, para comemorar os anos da Claudine, mas havia muita humidade e muitos mosquitos.
No regresso, passámos pela casa da Aung Sun e vimos os manifestantes a cumprimentá-la pela sua libertação.


(continua)




VIAGEM A MYANMAR 13

12 de Novembro – Após o pequeno almoço, e antes de chegarem as pirogas, tivemos ocasião de explorar o hotel e de nos extasiarmos com as flores de lotus à volta.








Partimos nas pirogas, por entre aldeias, perseguidos por barcos com mulheres e crianças a tentar vender os seus produtos, geralmente jóias e outros artefactos




E chegámos à oficina das mulheres-girafa. A tribo Paduang tornou as suas mulheres vítimas da própria tradição: o antigo costume de enfeitar as jovens com anéis de bronze em volta do pescoço transformou-as em atracção turística. Originalmente, as mulheres eram assim arranjadas para as tornar menos atraentes para as tribos vizinhas, que assaltavam a tribo. A aplicação dos anéis causa a deformação da clavícula e das costelas superiores, afastando os ombros da cabeça. Muitas mulheres chegam a um estado em que ficam incapazes de sustentar o peso da cabeça sem o suporte dos anéis. As raparigas começam a pôr os anéis dos quinze aos 25 anos, mas, actualmente, muitas não o querem fazer, e acho muito bem. Dedicam-se à tecelagem manual, e têm artigos muito bonitos.





Seguimos depois para o mercado. Como podem ver, há sempre um grande engarrafamento de pirogas e barcos, e nem percebi como não acontecem  desastres...


Levaram-nos, em seguida, a uma oficina, onde se extraem fios dos caules de lótus, um trabalho monótono e aborrecido e, por isso, os artigos confeccionados são muito caros.

Foto F.B.
                                                                       Foto F.B.

O almoço foi servido num restaurante no meio do lago, com vários pavilhões unidos por pontes, e um deslumbramento de flores.






O passeio continuou até uma fábrica de cigarros e charutos, onde aproveitam os caules dos lótus e usam outras especiarias.



Por um canal bastante largo, chegámos ao pagode Phaung Daw Oo, o santuário religioso no sul do estado Shan. Dentro há quatro imagens do Buda muito antigas, que, devido às folhas de ouro aplicadas ao longo dos anos, se tornaram em bolas de ouro.







Ao sair da piroga, caí e magoei-me e, por isso, não entrei  no mosteiro de Nga Hpe Kyaung, famoso pelos gatos saltadores, treinados para saltarem por arcos. Segundo me disseram, não tinha grande interesse, e uma companheira de viagem saíu de lá indignada com o tratamento dado aos animais.
Voltámos para o hotel, com as cores magníficas do crepúsculo.






Alguns dos nossos companheiros vestiram-se a rigor para o jantar que, afinal, não foi acompanhado por danças Shan, como constava do programa.


(Continua)






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