A colcha de bébé

A colcha

O pormenor

Como prometi, aqui estão as fotos da colcha que bordei em ponto de cruz para uma bebé, neta de uma amiga. Gostam?

VIAGEM A MYANMAR 5



4 de Novembro -  Saímos às 8 horas para visitar o mercado de Zeigyo, situado na parte central da cidade. Este mercado oferece de tudo em dois edifícios modernos e em barracas que se estendem pelos passeios para as ruas. O mercado original foi desenhado em 1903, e desmantelado em 1990, para desgosto dos locais, substituído pelos dois edifícios ao estilo comunista chinês. Regateando, conseguimos umas peças interessantes por poucos euros.

Já no autocarro, passámos por um casamento chinês, mas, logo adiante, havia um casamento birmanês e a Chaw Chaw perguntou se podíamos entrar. A simpatia com que nos receberam foi extraordinária! Não estávamos vetidos para uma festa, não nos conheciam de lado nenhum, mas receberam-nos como hóspedes notáveis, convidaram-nos a comer com eles, e os noivos tiraram fotografias connosco, sem se mostrarem aborrecidos, sempre com um sorriso nos lábios, apesar do calor e de, certamente, desejarem comer e fugir no carro preparado à entrada...





O “banquete” não tinha muitas coisas, pelo menos àquela hora: pratos com bolos e bolinhos. Segundo me disseram, a festa dura todo o dia, e parece-me que aquele era o pequeno almoço.


Como estavam num restaurante, os noivos subiram para o palco (Mandalay é célebre pelos espectáculos de marionetas), e assim podiam ser vistos por todos.


Como podem ver, no nosso grupo ninguém estava vestido para a cerimónia...



... mas os noivos sorriam sempre.


Dali, seguidos para o mosteiro Mahamuni Paya, um dos lugares budistas mais famosos de Myanmar. O lugar foi mandado construir pelo rei Bodawpaya em 1784. O templo foi destruído por um incêndio em 1884, e o que existe agora é relativamente recente.
Os monges, que habitam neste mosteiro, devem sair para pedir comida, mas, como são muitos, há voluntários que cozinham e distribuem os alimentos. A refeição do dia tem lugar às dez horas da manhã e não comem mais nada até ao dia seguinte.
Todos os homens de Myanmar têm a obrigação de viver temporariamente num mosteiro duas vezes na vida: uma vez como noviços (entre os 10 e os 20 anos), e de novo como monge ordenado, mais ou menos depois dos vinte anos. Numa cerimónia de noviciado, todos os homens ou rapazes com menos de 20 anos recebem o fato e a tigela. Tudo o que o monge possui deve ser oferecido pela comunidade laica. As túnicas vermelho vivo são usadas pelos rapazescom menos de 15 anos, e os homens usam uma cor mais escura. Tudo o que um monge pode possuir é muito pouco: uma navalha, uma chávena, um filtro para a água, um guarda-sol e uma tigela. Podíamos olhar pela janela dos quartos e ver que os monges dormem no chão de madeira, andam descalços, e quase nem ocupam espaço. No entanto, nos quartos, havia muitos livros, o que indica que estudam bastante. Também lavam as túnicas numa espécie de lavandaria, e tomam banho ao ar livre, em chuveiros de água fria, cercados de “paredes” de zinco, que deixam ver a cabeça e os pés.




A cozinha com monges e voluntários. A refeição é constituída por arroz, com que enchem as tigelas, e uma fatia de bolo (pelo menos no dia em que lá estivemos).
Os monges chegaram em duas longas filas, em silêncio, recebiam a sua parte da comida e dirigiam-se para a grande sala, onde se sentavam a comer, sempre em silêncio. Outros pegavam nas tigelas e iam para os quartos para estudar e comer a única refeição do dia. Esqueci-me de dizer que se levantam às quatro da manhã.
Infelizmente, não tirei muitas fotos neste mosteiro, porque estava a ficar sem pilhas...
No entanto, o amigo Yannick fez o favor de me enviar algumas fotos e aqui reproduzo uma, para verem as tijelas.

Foto de Yannick L.

Depois do mosteiro fomos visitar a ponte de U Bein, famosa porque é toda em teca, tem 1188,72 metros de comprimento sobre o lago Taungthaman, e ainda resiste apesar dos seus 200 anos.


E dali fomos visitar uma fábrica de tecelagem de seda e algodão.


Estas moças estão a tecer o pano de seda com que se fazem os longhys. Na loja adjacente estava um grupo de turistas italianas, que revolveram tudo, e acabaram por não levar nada... Na loja também havia um recanto com sofás e oferta de chá, e foi onde me refugiei depois de ter feito as minhas compras.

Almoçámos num restaurante à beira-lago, o Lake Royal. Perto dele fica uma barca real. (Aliás vimos várias barcas reais ao longo da viagem).


A barca está ligada a terra por uma ponte, mas não a visitámos por dentro.

Visitámos também um centro de tapeçarias e de marionetas. Em condições desconfortáveis, as moças bordam tapeçarias com muita arte.


Sentadas no chão, bordam em grandes bastidores de madeira, e cada uma tem tarefas específicas.


Para fazer o relevo, introduzem algodão por baixo do bordado a ouro.


Esta moça está a bordar a “moldura” da tapeçaria. É um trabalho moroso e pede muita paciência e destreza.


Uma tapeçaria acabada. Tudo muito caro, mesmo com o euro a valer 1000 kyats, mas, se fosse rica, tinha comprado esta peça, que era lindíssima!



Aqui, a secção de marionetas, mas não me encantou como a secção de tapeçarias. Os bonecos estão ricamente vestidos, e o trabalho de os fazer também requer muita perícia.


Dali fomos ao pagode de Mahamuni, que, como disse, tem um dos templos mais famosos de Myanmar. A fama advém de um templo, onde está uma imagem de Buda, trazida à força do estado de Rakhaing, em 1784. Julga-se que já devia ser bastante antiga nessa altura, e pode ter sido feita no século I da nossa era. A imagem do Buda sentado tem cerca de 4 metros de altura e foi feita em bronze, mas, durante os anos, milhares de devotos budistas cobriram a estátua com uma camada de cerca de 15 cms de folha de ouro, e quase nem se distinguem os braços, por exemplo. Só os homens se podem aproximar da imagem e colocar a folha de ouro, pois as mulheres são consideradas impuras para tocar nela, mas podem ajoelhar ou estar numa área reservada, de onde podem ver a imagem. Todos os dias, às 4 da manhã, um grupo de monges lava a cara do Buda e até lhe escova os dentes.




No pátio exterior existe uma sala que contém seis figuras Khmer em bronze, trazidas juntamente com a imagem do Buda. Três são leões, cujas cabeças foram substituídas por outras ao estilo birmanês, duas são imagens do deus hindú Shiva, e uma é Airavata, o elefante de três cabeças. Segundo a lenda, esfregar uma parte da imagem cura a parte correspondente do corpo de quem esfrega...


Algumas partes foram esfregadas demais!

Ainda assistimos a um concerto às três horas e meia em ponto. Toca um sino e três homens metidos num cubículo, agarram em instrumentos tradicionais para nos fazerem ouvir uma música que me fez pensar em lamentos, mas, ao mesmo tempo, escutar o vento sobre pradarias e cavalos a cavalgar...


A seguir fomos a uma oficina de estátuas de mármore e aprendemos como se fazem budas, elefantes, etc.




As imagens são polidas, pintadas, e ficam prontas para venda. O pó de mármore entra por todo o lado, sobretudo pelo nariz, provocando espirros, mas elas continuam a trabalhar imperturbáveis.

Ainda fomos visitar uma oficina de folha de ouro.


As folhas de ouro ficam finíssimas depois de terem sido marteladas por homens que fazem questão de mostrar a sua habilidade, fazendo uma espécie de dança em que os martelos se cruzam sem nunca se tocarem.

Voltámos ao hotel para descansar e nos prepararmos para jantar no Golden Duck, e, no final, tivemos direito a bolo de aniversário, pois o Henri fazia anos e todos lhe cantámos os parabéns. (continua)





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