Há anos

Faz hoje, às duas da tarde, anos que nasceu a minha mais velha, com 4 kilos e 56 cms de comprimento. Eu estava na maternidade desde o dia 1, com imenso calor (em África faz bastante calor nesta altura). O Zé levou-me para a maternidade com apenas uma dor, e mais aflito do que eu, que ia ter a primeira filha, quando, para ele, seria o sexto filho. Não contente com isso, telefonou aos meus padrinhos de casamento, ambos médicos, e a um casal nosso amigo. Às sete, como não acontecia nada, fomos todos jantar à Castália, eles todos em animada cavaqueira, e eu muito caladinha. Voltámos para maternidade, e, enquanto se instalavam no quarto que me fora destinado (só havia um quarto e tinha WC privativo, e duas enfermarias), mandaram-me ir passear para o corredor, a ver se a coisa se resolvia. Perto da meia-noite, como eu continuava sem dores, resolveram voltar para as respectivas casas e deixar-me dormir, com a recomendação às enfermeiras de telefonarem se houvesse alguma coisa. Passei o domingo e a segunda-feira no quarto, cheia de calor, mas a cachopa não queria sair. Ainda refilei com o director da maternidade, dizendo que ia para casa, mas ele decidiu que tinha de ficar. Na terça-feira, resolveu provocar o parto. Não tive uma única dor, pois estava a soro com buscopan, e nasceu então a cachopa, com aquele peso, que deixou toda a gente admirada, pois eu era bastante magra (os alunos chamavam-me a "esferográfica"...). Claro que o Zé tinha sido avisado, bem como a minha madrinha, do que se ia passar. Como a boneca era muito grande, levei 40 pontos e disso não gostei, porque, na altura, já tinha passado o efeito do buscopan. E depois de estar no quarto, o Zé foi buscar os filhos para verem a nova irmã, e ali, mesmo na maternidade, declarei ao mais velho que seria o padrinho dela. Passei oito dias naquele quarto, recebendo imensas visitas. E porque fiquei tanto tempo? Porque a menina apanhou um "impetigo" e teve de levar umas grandes doses de penicilina...
A minha sogra escreveu comovida, porque a neta nasceu no mesmo dia do avô paterno, duas horas mais cedo do que ele. O mais engraçado é que seguiram o mesmo curso, e assinavam os livros da mesma maneira... (Nunca o conheci porque morreu quando o Zé tinha dois anos).
Hoje, que ela já é mãe, pode compreender o grande amor que sinto por ela.

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