Retratos

Ao fazer as minhas arrumações, encontrei uma fotografia da minha Avó materna. Penso que a conheci muito pequena e não me lembro nada dela. Conheci melhor a terceira mulher do meu Avô, e chamávamos~lhe avó, o que me acontece com os netos do Zé. Fiquei comovida por ver uma pessoa que foi uma das minhas origens. A foto é pequena, mas o meu genro, este fim de semana, fez um scan e tornou a foto maior e mais visível. Vou reproduzi-la para mandar aos meus irmãos e primos descendentes dela, que são muitos.
Quando o meu Avô morreu, com 92 anos, deixou 12 filhos, 50 netos e 22 bisnetos. Neste momento, se fosse vivo, teria cerca de 40 bisnetos. Do lado do meu Pai, eram 9 filhos mas primos somos só 8 (éramos 9), apenas filhos de 3. O meu Pai teve 5, um tio teve 3 e uma tia apenas 1. Somos uma família enorme, mas nunca nos juntámos todos, embora eu conheça a maioria dos primos (com excepção de 10 que nunca vi). Penso que, neste momento, devo ser uma das mais velhas dos primos e, por isso, se viram para mim quando querem saber alguma coisa da família.

O nosso cão


O nosso cão era um rafeiro sem pedigree. Viveu connosco 17 anos, sempre leal, dedicado e amigo.
Por ter nascido no dia 23 de Abril (nascimento e morte de William Shakespeare), chamou-se William; porque o Zé teve um cão chamado assim, ficou Kurisko, e porque eu tive um cão chamado J.Fernandes Kibala Júnior, o seu nome completo era William Kurisko Fernandes Kibala Júnior. O cão foi oferecido à S. como presente pela passagem de ano. Ela queria um gato mas, como tinha asma, o Zé preferiu dar-lhe um cão. O Kurisko foi logo ensinado a não fazer nada em casa e aprendeu depressa que iria à rua três vezes por dia, a saber que tinha a sua refeição diária depois do último passeio, e que tinha um sítio certo para dormir. O cão tinha raiva a fardas (polícias, operários, bombeiros), a cobradores e a tudo o que fosse escuro (fossem meias, pernas, ou calças). Sabia defender-nos e atirava-se a cães maiores do que ele. Hoje vou só contar uma história dele, e, de vez em quando, falarei mais.
A minha Mãe tinha partido o colo do fémur. Chamei os bombeiros para a levarem para o hospital. O Kurisko dormia junto da cama da minha Mãe. Quando viu os bombeiros a levantá-la para a pôr na maca, atirou-se a eles, muito zangado, e foi um trabalhão para o afastar. Durante os dias em que a Mãe esteve no hospital, o Kurisko não se afastava da cama e pode-se imaginar a satisfação que mostrou quando a trouxeram de volta. Um mês depois, o Zé e eu fomos passar uns dias fora e a Mãe ficou em casa com a minha filha I. A Mãe resolveu levantar-se às escuras e ir pelo corredor até à casa de banho, sem acordar a neta. Caíu, por falta de apoio. Pois o Kurisko levantou-se da sua cama, andou à volta dela e, como não podia fazer nada, foi acordar a I. lambendo-lhe a mão. Enquanto a I. ajudava a Avó, o cão saltitava em volta como quem diz "Fiz bem, não fiz?"
P.S. - Em aparte, devo dizer que, criança ainda, tinha medo de qualquer cão. Se via um ao longe, trepava pela minha Mãe. Foi por isso que nos deram , a mim e ao meu irmão mais novo, o Kibala.
Não tenho mais medo de cães pequenos, mas continuo a temer os grandes...

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