Recordações VI

Alguém me ofereceu uma boneca em forma de coelha. As orelhas cairam pouco depois, e, pelos buraquinhos, podia ver que estava cheia de serradura. Não sei porquê, a serradura nunca caíu e a boneca nunca esvaziou. Tinha um vestido de chita às florinhas e dava pelo nome (óbvio) de Dona Coelha. Nas brincadeiras que eu tinha com o meu irmão mais novo ou com a prima Ana, a Dona Coelha era mãe de uma família numerosa de bonecos, uns de celuloide, outros de papel, outros ainda de pano, alguns bem maiores que a "mãe". E esta brincadeira durou uns anitos. A estrela da companhia era a Lili, uma boneca de papel que tinha muitos e variados vestidos, uns já impressos na folha em que foi comprada, e muitos, muitos por mim desenhados e pintados. As crianças de agora não têm bonecas de papel. Vinham numa folha A4, a boneca no centro, em trajes menores, e os vestidos, casacos e sapatos à volta, tudo com umas "pestanas", que se dobravam para dentro e se prendiam nos ombros e na cintura da boneca. Era divertido. Aliás, a Lili era o presente que a minha Mãe me ofereceu por ter passado no exame de admissão ao liceu com 15 valores, a nota mais alta de toda a Angola. (Modéstia à parte, sempre fui muito boa aluna). Depois, fui para casa de uns tios, para continuar os estudos, e a Dona Coelha e a família ficaram fechadas numa caixa de cartão e não mais tive tempo para brincar com elas...

4 comentários:

fugidia 17 de fevereiro de 2008 às 17:19  

Eu dizia, com dez anos, à minha avó, que nunca ia deixar de brincar às bonecas...
Creio que nesse ano foi o último que brinquei :-D

Sol e Lua 17 de fevereiro de 2008 às 21:14  

Pois eu, apesar de ser maria-rapaz, nunca deixei de brincar com bonecas. Gostava de lhes fazer roupa e de as enfeitar. E, ainda hoje, costumo dizer que, quando for grande, quero ter um Nenuco...
:-)))

fugidia 19 de fevereiro de 2008 às 22:20  

Céus! :-(


:-p

Maria João 20 de fevereiro de 2008 às 11:38  

oi avó!
que bom que voltou as suas histórias, ainda por cima uma tão boa... até eu tenho saudades da infância e ainda sou "pequenina"!
porque não reencontrar esse caixote de papelão?
bjinhos para si e para o avô:)
maria joão

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