De volta!

Não, não sou eu esse doente! É só para fazer sorrir... Aliás, fui muito bem tratada.
Na sexta feira, dia 25, dei entrada no hospital, como estava marcado. E à hora marcada já estava na sala de operações, deitada na mesa, enquanto me enfiavam uma agulha na veia do braço esquerdo e me colocavam um sem número de discos para se ver as sístoles e as diástoles. Até sorri, porque me parecia estar a fazer parte de uma cena do "Serviço de Urgência" ou do "Hospital Central". A anestesia foi local e, por isso, estava bastante alerta. Não vou entrar em pormenores, até porque não percebo nada de nada. Sei que o médico e o assistente trocavam palavras murmuradas, certamente para eu não perceber, que estava uma senhora do meu lado esquerdo a monitorizar os "piquinhos" para baixo e para cima no gráfico do coração, que havia uma enfermeiro encostado a um armário e mais duas moças, que presumo serem enfermeiras. Disseram que estava pronto, e as moças e o enfermeiro entraram em acção para me transferirem para uma cama que levaram para um recanto. Nessa altura, deixaram entrar a minha filha mais nova, para ver que eu estava inteira, e, depois de ela sair, deixaram entrar a mais velha e uma das minhas sobrinhas, que me foi prestar a sua solidariedade. Em seguida, o tal enfermeiro começou a fazer um penso e, para terminar, colocou-me um peso na perna, para eu não a mexer. E lá fui de charola, com a família atrás, para uma enfermaria. Só então soube que não tinha sido feito a angioplastia, porque, de um ângulo, a artéria parecia entupida a 5o% e, de outro, 70%. Na dúvida, não fizeram nada e marcaram-se uma cintigrafia para a segunda-feira seguinte, juntamente com a consulta do médico, mal este exame estivesse pronto. Passei uma noite má. Não gosto de dormir de barriga para o ar. O peso na perna direita não me deixava virá-la nem um pouco, e o braço esquerdo estava ligado ao soro e não o podia sequer dobrar. No sábado de manhã, mandaram-me tomar banho e tirar aquele penso que me apertava a perna. Vi, nessa altura, que parecia um rolo compressor... Fiquei à espera que me dessem alta, e pelo meio-dia, apareceu o médico assistente, que me passou a requisição da cintigrafia e lá fui eu, com a família, para casa. Tudo bem, pensei eu. Fiquei meia deitada, com os miminhos da família e assim passaram os dois dias até à cintigrafia. Não me custou muito, pois só me furaram as costas da mão direita para injectar os líquidos necessários ao exame. Dali, já com o exame, a filha mais velha e eu seguimos para o consultório. Não esperámos muito pela vez. O médico olhou para os resultados, explicou-nos onde era o entupimento por meio das imagens, e disse que se podia resolver a coisa com medicamentos. Saí de lá bastante aliviada. E aliviada passei a terça-feira.
Na quarta de manhã, estava eu no meu sossego a ver televisão e a bordar quando comecei a sentir o conhecido peso no peito, os maxilares a cerrar e o anel de ferro em volta do peito. "Não pode ser", pensei eu, mas, à cautela, deitei-me um pouco. A dor aumentava cada vez mais, e eu pus o comprimido debaixo da língua, acabando por o mastigar, para ver se passava. Entretanto, (para não me ralharem como da outra vez...) telefonei à filha. Veio o 112, mediram a tensão, o pulso, escreveram tudo, (os sintomas, os medicamentos que estou a tomar e não sei que mais) e disseram que me levavam para o Curry Cabral. Não, disse a filha, devem levá-la para Santa Marta. "Santa Marta não tem urgências, tem de ir para o Curry Cabral". E toca de me sentarem numa cadeira de rodas, amarraram-me pelo peito e pela cintura, julgo que para não me deixarem cair, quando a filha telefona ao médico. Que não, que não, ele já telefonava, mas nada de me levarem para o Curry Cabral. Lá me deitaram na cama, entregaram os exames, e disseram para eu assinar um papel a dizer que não queria ir para o Curry Cabral. Mais tarde, o médico telefonou. Tinha de estar no hospital às cinco e meia. E lá fomos. "Tive de repetir tudo o que sentira e como. E quando chegou o assistente voltei a contar. Decidiram, então fazer a angioplastia. Fiquei nos cuidados intensivos nessa noite e durante o dia seguinte. O médico foi ver-me por duas vezes, uma para me fazer um penso e colocar um peso enorme na perna direita (este era mais pesado e maior do que o primeiro), e a outra para me dar alta a partir das seis horas da tarde, com ordem para me sentarem numa poltrona a partir das duas horas, e me fazerem andar a partir das cinco. E assim se fez. Desta vez, tinha uma aparelho de medir a tensão no braço direito, o qual era automático. De tanto em tanto tempo trabalhava. Quando estava quase a adormecer, aquilo enchia, fazia uns barulhinhos, e esvaziava. Um mimo! Colocaram um stent na artéria descendente anterior e um kissing balloon (sic) na segunda diagonal. Perceberam? Eu não, que não sou médica, mas sei que me sinto melhor e que durmo muito bem.
Pelo interesse demonstrado, fico muito grata aos visitantes deste blog.
Qualquer dia volto às minhas recordações para "memória futura" dedicada aos meus netos. Até já! :-)))

4 comentários:

fugidia 5 de fevereiro de 2008 às 08:53  

Apreciei, sobretudo, a narração factual.
:-p

Aurora 6 de fevereiro de 2008 às 10:37  

Que aventura! Ainda bem que tudo acabou bem. Um beijinho.

luna 8 de fevereiro de 2008 às 09:28  

Voltem depressa as recordações :-) que eram sempre deliciosas de ler. Bjs

simpatia 12 de junho de 2008 às 19:13  

Adoro lembrar-me de recordações!!!!

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