Poema de Miguel Torga

Estamos a comemorar os cem anos do nascimento de Miguel Torga. Sempre gostei deste poema.


Canto ou não canto o limoeiro
aqui ao lado?
Ele é tão delicado!
Tem um jeito tão puro
de se encostar ao muro
onde vive encostado...
.
Canto ou não canto as tetas de donzela
que daqui da janela
vejo no limoeiro?
Elas são tão maduras...
E tão duras...
Têm uma cor e um cheiro...
Canto! Nem serei o primeiro,
nem eu sou nenhum santo!

Parábola Sufi

Atrás daquele que buscava, enquanto ele pregava, vieram o estropiado, o mendigo e o vencido. E, ao vê-los, o santo entrou em oração profunda e clamou: "Senhor Deus, como é possível um criador amoroso ver estas coisas e não fazer nada por elas?"
E, saindo do seu longo silêncio, Deus disse: "Mas eu fiz alguma coisa. Fiz-te a ti."

Hobbies

Sou a mulher dos hobbies. Gosto de bordar a ponto de cruz, de pintar (t-shirts e quadros), e de fazer palavras cruzadas. Assino duas revistas, que têm uma grande variedade de problemas: palavras cruzadas, sopa de letras, problemas lógicos, etc. São inglesas (eu já disse que me licenciei em Germânicas) e pasmo comigo mesma por ser capaz de resolver quase tudo. Dizem os entendidos que fazer destes problemas faz bem ao cérebro e nos mantém mais jovens. Talvez seja por isso que me dou tão bem com os netos. Porque eu sou "maluquinha" pelo computador e, para além das coisas sérias que faço com ele, gosto de jogar: há o Mah jong quest, o trivia, o flip words, o word twist, e a super granny, entre outros. O marido tem razão quando diz que sou viciada em computador. Também gosto de ler e ouvir música, e de ver televisão. Bordei uma toalha de mesa, a ver e a ouvir o Canal de História. Só o facto de estar a escrever isto tudo me alivia. Obrigada a todos os que me lêem sem me conhecerem.

Tristeza

Estou muito triste, hoje. Já ninguém visita o meu blog ou faz comentários. Que é feito do Otelo, do xxl, da fugidia? Perderam o interesse? Só o lado lunar me fez um comentário à Chuva. E eu, toda contente, por ter conseguido postar uma música...

Chuva




Hoje apanhei muita chuva e lembrei-me desta canção. Gostam?

Gingando ao Por do Sol

Tenho um hobby. Todas as sextas feiras vou aprender a pintar. Este quadro foi pintado com acrílicos. Divirto-me imenso a pintar e não só quadros: pinto t-shirts também. Tenho aprendido muitas técnicas diferentes. E, naquelas três horas, esqueço os meus problemas. A professora e as alunas conversam, trocam receitas, ajudam-se umas às outras.
Comecei a aprender a pintar tinha eu sete anos. O meu primeiro quadro era a carvão e representava um cisne. Depois fiz outros, também a carvão e, um dia, a professora disse que me ia passar para os lápis de cor. Muito senhora do meu nariz, saí de casa dela e fui direita a uma papelaria onde pedi os lápis de cor e disse que a minha mãe ia lá pagar no dia seguinte. Quando cheguei a casa, a Mãe zangou-se comigo (os lápis eram caros) e, no dia seguinte, escoltada por um dos meus irmãos, fui à papelaria onde o meu irmão pagou os lápis e deu ordem para não me fornecerem nada, se eu tivesse a veleidade de lá aparecer. Mas fiquei com os lápis e lá pintei mais uns quadros a cores. Depois, só no colégio interno, voltei a aprender pintura. E aí voltei ao carvão e, mais tarde, aprendi pastel. Só agora, depois de tantos anos, aprendi a pintar a óleo e a acrílico. E tenho-me divertido imenso.

Recordações IV

Fui sempre boa aluna a Matemática e só não fui para Ciências porque detestava a Física. Gostava de Química, mas não gosta de Física. E como, no meu tempo, se tinha de escolher ou Letras ou Ciências, fiquei pelas Letras, porque gostava de Línguas. E o facto de ter escolhido Germânicas deveu-se ao facto de os meus irmãos mais velhos, que eram óptimos em Inglês, não saberem Alemão. Era uma vantagem que eu tinha... Voltando à Matemática. No 5º ano (9ª agora), fazíamos problemas com logarítmos, e não tínhamos máquinas de calcular como agora. Era tudo feito com a nossa cabecinha. Como disse, eu era muito boa, e toda a gente copiava por mim. A madre B. descobriu isso e passou a colocar a minha carteira afastada de toda a gente. E eu resolvia o teste em meia hora e ficava a estudar outra coisa. Um dia, a madre chamou-me porque eu tinha errado uma conta da soma enorme de logarítmos. Peguei no teste, voltei para a carteira, fiz a soma, e dava o mesmo resultado. Entreguei. Que não estava bem, que verificasse. isto repetiu-se umas três vezes, e no fim, desesperada porque eu teria 20 se emendasse, a madre deu-me um estalo e mandou-me sair da aula. Só quando se fez a correcção do teste é que eu verifiquei que estava a somar no género de 2+2=5 e não dava por isso...

Poema 2


O céu azul,

O trigo que ondeia.

Que fresco o regato!

E o vento que passa,

Murmura e sussurra,

O vento que verga

As copas esguias

Dos verdes pinheiros...

E o sol que prateia

As folhas das vinhas

E das oliveiras.

A nuvem que passa

E o cheiro do feno...

Que dia sereno,

Tão belo e tão calmo...

Silenciosa,

Uma ave pairou no Infinito.

Relógios

Sempre tive uma predilecção por relógios. Não sou capaz de adormecer sem ouvir o tique-taque do meu despertador, ao pé da cama. Estou tão habituada que, quando estou fora de casa, é difícil adormecer porque me falta aquele barulhinho. Tenho uns poucos relógios de pulso, mas ando sempre com este, um digital, pouco atraente mas que tem o condão de me dizer tudo aquilo de que preciso: a hora, o dia, a data, é despertador e é cronómetro... O cara-metade não gosta de me ver com ele, embora mo tivesse oferecido, sobretudo no verão, porque anda à mostra. No inverno, nem o vê, porque anda sempre tapado. Isto deve ser de família, porque a minha Mãe também estava sempre a ver as horas. Eu gostava que, às vezes, o dia tivesse 34 horas para poder fazer tudo aquilo que tenho vontade de fazer e, como o tempo não chega, fica sempre para amanhã... Tudo isto porque encontrei esta foto do Big Ben, que tirei quando fui a Londres, há dois anos. Na verdade, só fotos do Big Ben são umas quantas! Esta até nem está muito clara, mas está de acordo com o que sinto hoje. Estou cansada e "nublada".

Recordações III

Quando eu era adolescente tinha um grande desejo: ser bailarina. De tal modo que, quando a Tia I. foi a Madrid levava uma incumbência: trazer-me uns sapatos de ballet. E trouxe. Mas eu nunca tinha aprendido. Dizem que se tem de aprender de criança e eu, nascida e criada em África, não tinha ensejo de o fazer. Mas tinha aquela mania. A primeira vez que assisti a um espectáculo de ballet foi no S. Carlos, e fui ver a "Giselle". Saí de lá nas nuvens! Mais tarde, quando fui estudar em Londres durante três semanas (para preparar a minha tese), comprei bilhetes para Covent Garden (que, na altura era a catedral do ballet), convidei a minha companheira de quarto, e lá fomos nós ver a versão integral do "Lago dos Cisnes". E muito mais tarde, já professora, em Berlim, fui ver a "Fille Mal Gardée". Estes foram os espectáculos ao vivo, que, no cinema ou na televisão, não perco um bailado. E também adoro ver a patinagem artística. Enfim, recordações de um tempo que já passou há muito, mas que voltou por momentos.

A minha neta

Hoje fui uma avó presente! A minha neta mais velha veio passar o dia comigo. Saímos as duas, de manhã, para irmos ao centro comercial. Ela tem um jeitinho muito engraçado de me pedir as coisas... "Podemos ir àquela loja só para eu ver a montra?" Entrámos, mas não havia nada do que ela queria. Então fomos a outra loja e a dona, que já a conhece, pôs à frente dela tudo o que tinha de jogos. E ela escolheu um. Ficou tão feliz! Ao voltarmos para casa, já nem quis ir para o computador. Esteve a experimentar o jogo e dava gritinhos de satisfação de cada vez que passava um nível. Depois do almoço tive de a convencer a fazer os trabalhos de casa, que acabou rapidamente para voltar ao seu jogo. Só mais tarde foi ver o programa favorito na televisão.
Gosto de estar com ela. Tem gostos simples e engraçados e está sempre preocupada em procurar coisas na internet para a irmã mais nova fazer. É uma garota espectacular. Sai sempre com pena de não ficar mais tempo. Por vontade dela, ficava até à noite... E eu não me importava nada!

Poema

Roubei o silêncio das estrelas

E só ficou a noite pensativa...

Então quis abraçar o teu silêncio,

Torná-lo igual ao meu,

Que era eterno...


Roubei o silêncio das estrelas

E entrei na escuridão da noite...

Fugiu-me o teu silêncio,

E o meu silêncio

Voltou outra vez para as estrelas...

Desabafos...

Ontem passei o dia agarrada ao computador, a traduzir parte de um livro. Tenho aprendido muita coisa que ignorava. Hoje fui passear com o cara-metade, para sítios já percorridos muitas vezes, mas de que ele, com a sua doença, não se lembra de todo e tudo é novidade. Chegámos estafados os dois: ele porque se cansa e eu porque conduzo. Resolvi ler o que tenho escrito e os comentários que me fazem. São sempre de duas pessoas, com excepção de um post, em que interveio um/a anónimo. Serei eu uma avó como deve ser? Ninguém é perfeito, é verdade, mas gostava de ser recordada com ternura e carinho, assim como as minhas filhas recordam a minha Mãe. Não gostaria de ser lembrada como a avó ausente, mas é isso que acho que sou. Gostava de ser... eu sei lá o que gostava de ser! Gostava de ser capaz de exprimir o que sinto mas não consigo. Acho que não estou "in the mood" e o melhor é ficar por aqui...

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